segunda-feira, 16 de agosto de 2010

As entrevistas de Dilma, Marina e Serra no JN. Ou como a Globo quer levar as eleições para o segundo turno

Mesmo antes do inicio do horário eleitoral no radio e na TV, as eleições deste ano já registram algumas importantes lições sobre o comportamento dos meios de comunicação, em especial o da principal rede de televisão do país.


Após cinco eleições presidenciais no período pós-ditadura, parece que esse pessoal não percebeu que muita coisa mudou no pais, especialmente que o eleitor brasileiro não se deixa manipular assim tão facilmente.

Todo mundo lembra do triste papel desempenhado pela Globo nas eleições de 1989, com a famosa edição do último debate entre Lula e Collor, exibida no Jornal Nacional às vésperas do segundo turno. Pois é, parece que a Globo não mudou. A diferença é que agora a edição dos debates e entrevistas é feita ao vivo.

Quem acompanhou as entrevistas dos presidenciáveis no mesmo JN, na semana passada, pode perceber claramente a diferença de tratamento dispensado aos candidatos pelo casal de apresentadores do principal jornal televisivo do país.

Se debatendo diante da possibilidade da candidata petista faturar a eleição já no primeiro turno, a Globo procura de todas as formas interferir para que isso não ocorra. A entrevista com a Dilma foi uma tentativa de massacre, um show de grosseria e mal jornalismo. O mesmo ocorreu na entrevista da Marina, onde as perguntas eram todas direcionadas para ela falar mal do Lula e do PT. Tudo mudou, no entanto, quando chegou a vez do Serra. William Bonner e Fátima Bernardes nem pareciam os mesmos que nos dias anteriores pareciam mais inquisidores do que profissionais em busca de respostas que pudessem auxiliar o eleitor a compreender as propostas dos candidatos. Com Serra tudo foi diferente. Ao final, o próprio candidato chegou a agradecer a elegância dos entrevistadores. Até o insuspeito deputado Roberto Jefferson chegou a registrar em seu twitter a ajuda dispensada ao aliado tucano.

Mas não e só isso. No esforço para evitar a vitória de Dilma no primeiro turno vale até abrir espaço para o candidato do PSOL e seu radicalismo vazio. Tratamento que não é dispensado aos outros candidatos de menor envergadura. Nada contra as bandeiras que ele desfralda. A contradição está no jornalismo da Globo que, sem nenhum critério, a não ser o de tentar tirar votos de Dilma, promove uma candidatura que a rigor não chegou a 1% das intenções de voto.

Nada contra a Globo, os Bonners ou qualquer profissional ou veículo de comunicação se posicionar a favor desta ou daquela candidatura. Mas que façam isto de forma aberta e transparente. Se assim fizessem certamente estariam contribuindo para o aprimoramento da democracia e estimulando o debate de idéias e colocando em pauta os grandes temas que deveriam nortear as eleições que vão definir o futuro do pais.

A julgar pelas últimas pesquisas, o eleitor, mais uma vez, parece que não está disposto a seguir o caminho indicado pela Globo em tabelinha com alguns blogueiros e colunistas. Felizmente.

Luiz Fernando Esteche

O BRASIL NÃO PODE PARAR!

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