segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A campanha na boca do povo!

O comício está marcado para as 11 horas. Horas antes, já é o assunto nas ruas do centro. Uma pequena multidão concentra-se em frente ao Hotel Bourbon, onde estão Lula e os candidatos da coligação. A quadra está interditada pelo esquema de segurança presidencial. Nas proximidades, o povo vai chegando à Boca Maldita. Muita gente com bandeiras.

Esperando para ver ö presidente, a multidão permanece em relativo silêncio. Ouve-se um ou outro grito de “Lula”. Às 10h43, os seguranças da comitiva começam a se preparar. Aumenta a intensidade dos murmúrios.
Foto: Martin Esteche

Às 10h47, populares cercam o carro destinado ao presidente. Os seguranças tentam pacientemente convencer as pessoas a se afastarem. Muitas obedecem, sem entusiasmo, para depois voltarem. O número de populares aumenta no local.

Exatamente às 11h01, aparecem na porta do hotel o governador Orlando Pessuti e o candidato ao Senado Roberto Requião. Em seguida, os demais: Gleisi Hoffman, Osmar Dias, Rocha Loures, Michel Temer, Dilma Roussef e Lula. A multidão irrompe em gritos de “Olé, olé, olé, olá, Lula, Lula”. O presidente acena.

Um cidadão comenta com o amigo: “É assim porque os homens querem, mas, se dependesse dele (Lula, óbvio), ele estaria aqui no meio do povo”.

Três minutos depois, a comitiva sai em direção ao comício. O povo se desloca atrás. Na Boca Maldita, um mar de bandeiras e uma enorme fila para passar pelo detector de metais da segurança. As ruas próximas estão apinhadas. Dois corredores, nas laterais do comício, permitem a passagem dos pedestres. Porém, por motivos de segurança, paredes de metal isolam esses corredores dos participantes do ato. Há frestas no metal, pelas quais, com dificuldade, as pessoas podem ver o palanque e os candidatos.

Alguns jovens, de bicicleta, em protesto contra a poluição, insistem em passar no meio do povo. Uma ou outra loja fechou as portas, mas a grande maioria está aberta. Não há medo.

Foi assim o comício da coligação “A união faz um novo amanhã”: uma manifestação democrática e ordeira. Com espaço até para a espionagem dos adversários e também para reminiscências. Lígia Mendonça, ex-militante da Ação Popular Marxista Leninista, lembra que ficou nove meses presa com Dilma em São Paulo.

Voltar atrás, nunca mais.

Roberto Elias Salomão

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