Deu no blog do jornalista Ricardo Noblat, do portal do jornal “O Globo”:
“O trabalhista Osmar Dias assumiu a liderança na disputa pelo governo do Paraná.O tucano Beto Richa está impedindo, na Justiça Eleitoral, que sejam divulgadas as mais recentes pesquisas do Ibope, do Datafolha e do Vox Populi.”
Os paranaenses correm o risco de ficar sem saber se a virada de Osmar é verdadeira ou não, pelo motivo explicitado na nota acima: Beto Richa e seus advogados impedem há uma semana a divulgação de novas pesquisas.
Não é chute de jornalista forasteiro, mas sim a confirmação de duas tendências facilmente identificáveis por qualquer um que acompanhe a política paranaense: uma, o crescimento da candidatura de Osmar e a queda de seu adversário; a segunda, a vocação irrefreável do candidato tucano para o autoritarismo.
Não são apenas as pesquisas que sofrem nas mãos de Beto Richa, que, afinal, ainda nem é governador e, ao que parece, nunca será. Como candidato, ele já conseguiu censurar dois blogs, utilizando o inacreditável argumento de que as notícias estariam deixando-o “emocionalmente abalado”.
Porém, o que deve ser salientado é que Beto Richa não é um caso isolado. Não se trata de um raio num céu azul, algo totalmente inesperado e que nos surpreende. O filho de José Richa bebe na fonte do demotucanato nacional, cujo representante maior, o candidato a presidente José Serra, já fez coisa pior, como forçar a demissão do jornalista Heródoto Barbeiro da TV Cultura de São Paulo (não gostou das perguntas sobre o pedágio) e engrossar com a entrevistadora Márcia Peltier (não gostou das perguntas sobre a quebra do sigilo de sua filha).
Estamos vivendo um momento particular da campanha eleitoral: os principais meios de comunicação do país adotam um discurso uniforme, alimentando denúncias contra o governo Lula e a candidata Dilma, sem nenhum cuidado jornalístico e, pior, sem temer o contraditório, porque não têm concorrência. Isso, para eles, é a liberdade de imprensa. E ai de quem ouse criticar a forma como a mídia trata a informação! O teto cai sobre sua cabeça.
Qualquer crítica aos meios de comunicação está sendo tratada como um atentado à liberdade de imprensa; Lula, como o ditador atual; Dilma, como a ditadora futura.
E, no entanto, as coisas podem ser explicadas com muito mais simplicidade: no país construído nos últimos oito anos, as pessoas saíram da miséria, têm o que comer, conseguem estudar e são, assim, muito menos manipuláveis. É isso que dói nos ossos dos barões da mídia: como podem votar contra nossa orientação? Será que o mundo está de pernas para o ar?
Democracia é muito bom desde que o povo conheça seu lugar. Essa idéia, nos últimos dias, está sendo expressa de forma cada vez mais clara nos grandes meios de comunicação. Um colunista diz que Lula é um fenômeno religioso, que os eleitores votam em Dilma porque são analfabetos e à imprensa “livre” (aspas minhas) caberá o papel solitário de ser a grande inimiga do governo do PT; outro chega próximo de incitação ao crime, ao comentar que o vice Temer é melhor que a candidata Dilma e que espera que ele assuma o cargo (!).
Isso pode. Deslegitimar o processo eleitoral desqualificando os eleitores pode. Atentar contra a liberdade de jornalistas pode. Chamar professores de “laranjas podres” pode. Só não se pode criticar o santuário da liberdade de imprensa, encarnado em quatro ou cinco grandes empresas de comunicação.
Mas, como já dizia um poeta, é inútil querer parar o homem. Os Betos e os Serras, seus arautos e os patrões destes não conseguirão impedir, em nome da “liberdade de imprensa”, que a população tenha pleno acesso às informações. A começar pela virada de Osmar, noticiada (oh! ironia) por um desses órgãos da mídia a que me referi.
O BRASIL NÃO PODE PARAR!
Roberto Elias Salomão
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